terça-feira, novembro 29, 2005

sentei-me a olhar o mar. passei uma tarde no bar do ourigo a olhar o mar. impressionante. curei algumas mágoas e tantos outros cansaços a olhá-lo nos olhos. alguém me explica porque não há mar mais brilhante do que nos dias em que nos toca um sol de inverno?
Gustav Klimt . "Kiss"


Hold me close and hold me fast
The magic spell you cast
This is la vie en rose

When you kiss me heaven sighs
And tho I close my eyes
I see la vie en rose

When you press me to your heart
I’m in a world apart
A world where roses bloom

And when you speak...angels sing from above
Everyday words seem...to turn into love songs

Give your heart and soul to me
And life will always be
La vie en rose

sábado, novembro 26, 2005

la vie en rose

[desconheço o fotógrafo]
habitei-te no interior dos pulmões
onde o amor nos dilatasse como metástases
a florir, e cravei o coração ao teu diafragma
porque era doce morrer-me assim contigo.

um dia pediste-me a solidão, um modo
silencioso de estremecer nas mais dementes
madrugadas. arranquei-me do teu peito
com a ternura adiada, deste-me à luz
em apneia e eu transbordei de espanto
pelo ofício de respirar.
[durante o concerto de Sigur Rós]

Sigur Rós

Coliseu do Porto . 19 de Novembro
retirei este poema de um livro já usado: fez caminhos comigo, guarda uma fotografia, uma carta, andou meses na minha carteira... pelo meio diz coisas assim:

Perdemos repentinamente
a profundidade dos campos
os enigmas singulares
a claridade que juramos
conservar

mas levamos anos
a esquecer alguém
que apenas nos olhou


Tolentino Mendonça Baldios
Assírio & Alvim 1999
Depois de algum tempo aprendes a diferença, a subtil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E aprendes que amar não significa apoiar-se e que companhia nem sempre significa segurança. Começas a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas. E começas a aceitar as tuas derrotas de cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de uma criança e não com a tristeza de um adulto.
E aprendes a construir as tuas estradas no hoje, porque o amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de se partir ao meio em vão. Depois de algum tempo aprendes que não importa o quanto te importas, algumas pessoas simplesmente não se importam. E aceitas que não importa o quão boa seja uma pessoa, ela vai magoar-te de vez em quando, e deves perdoá-la por isso.
Aprendes que falar pode aliviar dores emocionais. Descobres que se leva anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que podes fazer coisas num instante, das quais te arrependerás pelo resto da vida. Aprendes que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias.
E o que importa não é o que tu tens na vida, mas quem tens na vida. Descobres que os amigos são a família que nos permitiram escolher. Aprendes que não temos de mudar os amigos, se compreendermos que os amigos mudam. E descobres que o teu amigo e tu podem fazer qualquer coisa ou nada para terem bons momentos juntos.
E descobres que as pessoas com quem mais te importas na vida, são tiradas de ti muito depressa; por isso, sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas; pode ser a última vez que as vemos. Aprendes que as circunstâncias e o ambiente têm muita influência sobre nós, mas que não deixamos de ser responsáveis por nós próprios. Aprendes que paciência requer muita prática.
Aprendes que quando estás com raiva tens o direito de estar com raiva, mas isso não dá o direito de seres cruel. Aprendes que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém. Algumas vezes, tens que aprender a perdoar-te a ti mesmo. Aprendes que com a mesma severidade com que julgas, tu serás em, algum momento, condenado.
Aprendes que não importa em quantos pedaços teu coração foi partido, o mundo não pára para que o consertes.
E, finalmente, aprendes que o tempo, não é algo que possa voltar para trás. Portanto, planta o teu jardim e decora tua alma, ao invés de esperar que alguém te traga flores. E percebes que... Realmente podes suportar... que realmente és forte, e que podes ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais.
E que realmente a vida tem valor, e que tu tens valor diante da vida! E só nos faz perder o bem que poderíamos conquistar, o medo de tentar!

William Shakespeare

quinta-feira, novembro 17, 2005

apresentação de livro

o fogo e outros utensílios da luz
de José Rui Teixeira
APRESENTAÇÃO > RUI LAGE
LEITURA DE POEMAS > RITA ROCHA
18 DE NOVEMBRO DE 2005 - 21.30H
CAPELA DE FRADELOS
RUA GUEDES DE AZEVEDO, 50 - PORTO

segunda-feira, novembro 14, 2005

o tempo mais puro

Este sábado, 12 de Novembro, apresentei ao Clube dos Poetas Vivos "o tempo mais puro" (cosmorama 2004), numa Casa belíssima de Ponte da Barca. O José Nuno Magalhães também esteve comigo e lembrou-me porque escrevemos quase sempre a meias. Disse-o por diversas vezes: "este é o início da minha voragem", e isso resume as minhas pretensões relativas a este livro. Todavia, cada vez mais o assumo como algo muito próximo de uma profissão de fé, a possibilidade de algo ainda intacto, um lugar ainda puro, no quotidiano de uma cidade.
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fotografia de Jonilson Montalvão
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eu sei: o medo é um mover contíguo à inocência onde
continuamente morremos como pequenos pássaros fugitivos
basta ler nos teus olhos que as estações são lugares
de passagem e quem as habita será sempre
um estranho que colhe magnólias dos carris
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Isabel Coelho dos Santos, in O tempo mais puro (cosmorama 2004)