Nobel da Literatura
O jornalismo cultural e, por extensão, alguma blogosfera aparentada, andam em alvoroço por causa do Nobel atribuído a Harold Pinter. A minha geração cresceu com Harold Pinter, vendo o teatro que fazia. Pinter é uma referência literária e política para os da minha geração. É um pleonasmo dizer que o prémio é «justo». Mesmo quando adequadamente atribuído, um prémio nunca é justo. Este chegou tarde e, tudo indica, por mesquinha exclusão de partes. Um prémio, qualquer que seja, é uma manifestação de vontade política. A lista Nobel é eloquente. O facto de Céline e Borges nunca terem sido premiados diz muito sobre a natureza do conciliábulo sueco. Voltando a Pinter, o qual, a avaliar pelos arroubos da rapaziada, terá sido revelado nos intervalos da amamentação, não me lembro de ter visto, nas secções literárias dos jornais, a mais pequena referência aos poemas do autor coligidos em Guerra, que a Quasi publicou em Junho de 2003, com tradução de Pedro Marques, Jorge Silva Melo e Francisco Frazão. O voluminho inclui um texto «programático», nada menos que o discurso proferido em Novembro de 2002 por ocasião do doutoramento honoris causa em Turim, questionando o «avanço» do Império, matéria sempre apelativa. Nessa medida, quando Guerra foi publicado, era de esperar um comentário consequente. Eu não me lembro de nada, mas admito que seja distracção.
Eduardo Pitta, in da literatura
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Confesso uma quase total ignorância sobre a obra de Pinter: ao contrário de Eduardo Pitta, a minha geração não cresceu com ele... em boa verdade, não sei com que autores a minha geração cresceu, mas isso é tema para outras conversas. De qualquer forma, a propósito da atribuição do Nobel li uns artigos sobre Pinter na imprensa, passei na Fnac em busca de "Guerra"... e nada, ainda nada em destaque.
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